quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011 - Parte 2

Amor a Toda Prova


Steve Carell é um excelente ator cômico. Chama a atenção, portanto, que suas melhores performances sejam justamente em filmes onde essa comicidade não é o grande atrativo. É o caso de Pequena Miss Sunshine, Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada e este Amor a Toda Prova. No longa dirigido por Glenn Ficarra e John Requa, Carell faz a transição "fracassado/corno - bonitão/pegador" e, embora essa ideia seja um tanto batida, poucas vezes pareceu tão sincera no cinema. "Clichê", aliás, é uma palavra que (felizmente!) se adequa a essa dramédia romântica. Explico: à certa altura, o filme dá a entender que não se entregará aos inevitáveis chavões do gênero. Não é o que ocorre. O roteiro abraça as soluções fáceis, mais palatáveis, sem vergonha alguma, mas não perde em nada com isso - uma coisa é utilizar soluções manjadas como muleta para falta de criatividade; outra é dar uma volta redondinha a fim de justificar esses "finalmentes" óbvios, mas muito bem resolvidos. Elenco inspirado (Ryan Gosling está ótimo!) e trilha bacana dão o tom da bela surpresa que é Amor a Toda Prova.

Nota: 9


Se Beber, Não Case! Parte II


O sucesso desta sequência é um exemplo sólido do que acontece em Hollywood: se um filme dá certo, sua fórmula deve ser repetida à exaustão até que alguém (ou ninguém) diga "chega!". Sim, Se Beber, Não Case! Parte II é uma cópia (im)perfeita do longa de 2009, mas nem por isso não é engraçado. A trama se desenrola exatamente como da primeira vez em que o trio Phil (Bradley Cooper), Stu (Ed Helms) e Alan (Zach Galifianakis) teve a mãe das ressacas em Las Vegas. Dessa vez, Bangcoc é o cenário do novo porre - e as consequências são bem mais graves. Basicamente, tudo o que vimos antes se repete de maneira mais drástica: na Parte I, Stu perde um dente e casa com uma prostituta; aqui, tem uma tatuagem no rosto e troca fluidos com um travesti. Essa amplificação dramática, por vezes hilária, também é o maior problema de Se Beber, Não Case! Parte II. A sensação de déjà vu provocada por certas cenas, aliada ao exagero inverossímil de outras, quase compromete o conjunto da comédia. No fim das contas, é possível rir da mesma piada. Mas só uma vez, Todd Phillips.

Nota: 6,5


O Retorno de Johnny English


Híbrido de James Bond com Mr. Bean, Johnny English chegou aos cinemas pela primeira vez em 2003, em um filme que, apesar de contar com bons momentos, não decolava. Nesta tardia continuação, Rowan Atkinson volta a encarnar o atrapalhado agente secreto e - felizmente - o resultado é mais interessante. Apesar de não exagerar no escapismo, O Retorno de Johnny English rende algumas boas risadas - o que não deixa de ser curioso, pois sua história se leva a sério demais em certos momentos (tão sério que a impressão é de estarmos assistindo a um longa protagonizado por 007). Ele é, no fim das contas, mais eficiente enquanto filme de espionagem do que como comédia. No entanto, Atkinson compensa o tom sóbrio com seu impecável humor físico e caras e bocas à la Mr. Bean.

Nota: 6


30 Minutos ou Menos


O sucesso do ótimo Zumbilândia fez a dupla formada pelo diretor Ruben Fleischer e pelo ator Jesse Eisenberg acreditar que retomar a parceria renderia outra pérola. Se depender de 30 Minutos ou Menos, eles terão que trabalhar juntos novamente - dessa vez, para apagar a terrível impressão deste que é um dos piores filmes de 2011. É realmente complicado apontar o que é pior, mas vamos lá... O elenco é bastante equivocado, a começar pelas escalações de Eisenberg e do fraquíssimo "comediante" Danny McBride. A própria premissa, que mistura gêneros como comédia, policial e ação, já não sugere nada interessante, de fato: entregador de pizza é sequestrado (por sujeitos usando máscaras de macacos) e precisa assaltar um banco para livrar-se da morte. Em alguns momentos, a trama lembra o divertido Por Favor, Matem Minha Mulher, mas é tudo tão constrangedor que, no fim, praticamente nada se salva.

Nota: 2

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011 - Parte 1

2011 não foi "aquele" ano que os cinéfilos esperavam. Tivemos excelentes filmes, sim, mas nada que fizesse muito barulho... Entre surpresas e decepções, o cinema - especialmente o hollywoodiano - trouxe, este ano, filmes com uma razoável variedade de conteúdos, ainda que, infelizmente, pouco inovadores no que diz respeito a forma como contam suas histórias. Entre erros, acertos, surpresas e decepções, segue a primeira parte de um balanço da Sétima Arte em 2011.


Super 8




J.J. Abrams nunca escondeu que faria de Super 8 uma homenagem a seu mentor cinematográfico, Steven Spielberg. Ninguém esperava, porém, que o resultado fosse tão bom quanto o das obras do próprio homenageado. Misto de E.T. - O Extraterrestre com Os Goonies (com pitadas de Tubarão e Contatos Imediatos do Terceiro Grau), o longa tem seu maior trunfo na porção infantil do elenco, absolutamente encantadora (em especial Joel Courtney e Elle Fanning). A ambientação da trama não poderia ser mais adequada: 1979. Há pôsteres de Halloween, crianças pedalando em suas bicicletas (imagem mais E.T. que essa, impossível), jovens com seus novíssimos walkmans e toda uma aura setentista/oitentista que envolve o filme. A impressão é de que, realmente, Super 8 foi filmado na época em que se passa - não só devido aos detalhes visuais, mas pelo clima da produção.

A única ressalva fica por conta do visual do alien, monstruoso e animalesco demais. Além de Spielberg, outra lenda que certamente se orgulhou de seu pupilo foi John Williams. A trilha de Michael Giacchino (colaborador habitual de Abrams) flerta com o que o mestre fez de melhor em sua carreira, mas sempre soa original e casa com o filme de maneira impecável. Contando ainda com bons efeitos (visuais e, principalmente, sonoros) Super 8 é, desde já, uma das produções a melhor utilizar o recurso da metalinguagem - embora seja mais importante durante o primeiro terço, ele é pontual no decorrer de toda a história e é, afinal, o catalisador de grande parte dos eventos narrados. Ao final, lágrimas, sorrisos e satisfação em poder assistir ao melhor filme do ano.


Nota: 10



Planeta dos Macacos - A Origem



E quando ninguém mais ligava para a macacada, eis que eles voltaram - despretensiosamente? - aos cinemas. Ausentes das telas após o fiasco dirigido por Tim Burton em 2001, os símios da popular série iniciada em 1968 têm, neste novo filme, seu melhor momento desde o longa original. O maior diferencial em relação aos outros cinco Planeta dos Macacos é a tecnologia à disposição do diretor Rupert Wyatt, que faz com que todos os macacos (e não são poucos) do filme sejam criados digitalmente. Uma das exceções é o protagonista, Cesar, interpretado pelo ator Andy Serkis (o Gollum, de O Senhor dos Anéis) através da tecnologia de captura de performance. O macaco que lidera a rebelião primata em Planeta dos Macacos - A Origem é um anti-heroi clássico, a alma da trama - e muito disso deve-se ao trabalho de Serkis.

No entanto, é uma pena que o filme dependa tanto de Cesar para torna-se interessante. À exceção do competente John Lithgow, o elenco humano é bastante irregular - a personagem de Freida Pinto, além de mal desenvolvida, não faz diferença alguma ao enredo. Além disso, Planeta dos Macacos - A Origem é irregular também em seus efeitos visuais, e isso quase compromete boa parte dos esforços do filme, que tem nesse recurso sua maior aposta. Cesar, enquanto bebê, sempre soa extremamente artificial, e a profusão de macacos em certas cenas evidencia a inconstância dos efeitos criados pela Weta Digital. O roteiro possui boas ideias e deixa um interessante gancho para uma eventual (e inevitável) sequência, mas é falho ao desenvolver seus personagens e a história, de maneira geral, é bastante previsível e superficial. Completam o pacote boas sequências de ação e a ágil montagem que não deixa o filme perder o ritmo. Bom entretenimento, mas podia mais. Muito mais.


Nota: 7