segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Retrospectiva 2011 - Parte 1

2011 não foi "aquele" ano que os cinéfilos esperavam. Tivemos excelentes filmes, sim, mas nada que fizesse muito barulho... Entre surpresas e decepções, o cinema - especialmente o hollywoodiano - trouxe, este ano, filmes com uma razoável variedade de conteúdos, ainda que, infelizmente, pouco inovadores no que diz respeito a forma como contam suas histórias. Entre erros, acertos, surpresas e decepções, segue a primeira parte de um balanço da Sétima Arte em 2011.


Super 8




J.J. Abrams nunca escondeu que faria de Super 8 uma homenagem a seu mentor cinematográfico, Steven Spielberg. Ninguém esperava, porém, que o resultado fosse tão bom quanto o das obras do próprio homenageado. Misto de E.T. - O Extraterrestre com Os Goonies (com pitadas de Tubarão e Contatos Imediatos do Terceiro Grau), o longa tem seu maior trunfo na porção infantil do elenco, absolutamente encantadora (em especial Joel Courtney e Elle Fanning). A ambientação da trama não poderia ser mais adequada: 1979. Há pôsteres de Halloween, crianças pedalando em suas bicicletas (imagem mais E.T. que essa, impossível), jovens com seus novíssimos walkmans e toda uma aura setentista/oitentista que envolve o filme. A impressão é de que, realmente, Super 8 foi filmado na época em que se passa - não só devido aos detalhes visuais, mas pelo clima da produção.

A única ressalva fica por conta do visual do alien, monstruoso e animalesco demais. Além de Spielberg, outra lenda que certamente se orgulhou de seu pupilo foi John Williams. A trilha de Michael Giacchino (colaborador habitual de Abrams) flerta com o que o mestre fez de melhor em sua carreira, mas sempre soa original e casa com o filme de maneira impecável. Contando ainda com bons efeitos (visuais e, principalmente, sonoros) Super 8 é, desde já, uma das produções a melhor utilizar o recurso da metalinguagem - embora seja mais importante durante o primeiro terço, ele é pontual no decorrer de toda a história e é, afinal, o catalisador de grande parte dos eventos narrados. Ao final, lágrimas, sorrisos e satisfação em poder assistir ao melhor filme do ano.


Nota: 10



Planeta dos Macacos - A Origem



E quando ninguém mais ligava para a macacada, eis que eles voltaram - despretensiosamente? - aos cinemas. Ausentes das telas após o fiasco dirigido por Tim Burton em 2001, os símios da popular série iniciada em 1968 têm, neste novo filme, seu melhor momento desde o longa original. O maior diferencial em relação aos outros cinco Planeta dos Macacos é a tecnologia à disposição do diretor Rupert Wyatt, que faz com que todos os macacos (e não são poucos) do filme sejam criados digitalmente. Uma das exceções é o protagonista, Cesar, interpretado pelo ator Andy Serkis (o Gollum, de O Senhor dos Anéis) através da tecnologia de captura de performance. O macaco que lidera a rebelião primata em Planeta dos Macacos - A Origem é um anti-heroi clássico, a alma da trama - e muito disso deve-se ao trabalho de Serkis.

No entanto, é uma pena que o filme dependa tanto de Cesar para torna-se interessante. À exceção do competente John Lithgow, o elenco humano é bastante irregular - a personagem de Freida Pinto, além de mal desenvolvida, não faz diferença alguma ao enredo. Além disso, Planeta dos Macacos - A Origem é irregular também em seus efeitos visuais, e isso quase compromete boa parte dos esforços do filme, que tem nesse recurso sua maior aposta. Cesar, enquanto bebê, sempre soa extremamente artificial, e a profusão de macacos em certas cenas evidencia a inconstância dos efeitos criados pela Weta Digital. O roteiro possui boas ideias e deixa um interessante gancho para uma eventual (e inevitável) sequência, mas é falho ao desenvolver seus personagens e a história, de maneira geral, é bastante previsível e superficial. Completam o pacote boas sequências de ação e a ágil montagem que não deixa o filme perder o ritmo. Bom entretenimento, mas podia mais. Muito mais.


Nota: 7

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