segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

John Barry, 1933 - 2011

Hoje o cinema perdeu mais um grande nome. Aos 77 anos, o compositor John Barry faleceu devido a um ataque cardíaco, em Nova York. Britânico de York, ele ficou mundialmente conhecido pela criação de diversos temas para filmes da franquia James Bond, como 007 Contra Goldfinger (1964), 007 - Os Diamantes São Eternos (1971) e 007 Na Mira dos Assassinos (1985). Além dos "double-o-movies", Barry compôs a trilha sonora de clássicos do cinema americano entre as décadas de 60 e 90. Obras como Entre Dois Amores (1985), Dança Com Lobos (1990) e Perdidos na Noite (1969) certamente foram engrandecidas pelo talento de seu compositor que, ao longo de uma carreira de mais de 50 anos, conquistou nada menos que 5 Oscar, quatro por Trilha Sonora Original (Dança Com Lobos, Entre Dois Amores, O Leão no Inverno e Born Free) e um por Canção Original (Born Free).

Descobri John Barry quando descobri James Bond, há alguns bons anos. Por mais que o tema principal do agente não fosse de sua autoria (é de Monty Norman), sempre achei as composições para os filmes quase tão interessantes quanto os próprios filmes. Sobretudo em 007 Contra o Homem com a Pistola de Ouro (1974), onde o exagerado tom cômico desvia boa parte das atenções para a música de John Barry (mesmo sendo um de seus trabalhos menos notáveis). Apesar deste pequeno "tropeço", sua contribuição para a série é imensurável. Como esquecer as poderosas melodias das canções que dão nome a dois dos melhores longas do espião: "Goldfinger", na voz de Shirley Bassey, e "Thunderball" (007 Contra a Chantagem Atômica), interpretada por Tom Jones. Particularmente, considero a trilha de 007 Na Mira dos Assassinos seu melhor momento na franquia, especialmente nas sequências de ação - empolgantes muito graças à música.

Enfim... Desde o final do ano passado, o cinema tem perdido uma série de importantes figuras. John Barry e sua música vão fazer falta.


quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Um Lugar Qualquer

Um Lugar Qualquer é uma espécie de irmão gêmeo sem graça de Encontros e Desencontros. Sai o ator decadente interpretado por Bill Murray, entra o ator decadente vivido por Stephen Dorff. Sai a loira (Scarlett Johansson) que busca no personagem de Murray uma figura fraternal, devido ao fato de seu marido lhe dar pouca atenção, entra a loirinha (Elle Fanning) que busca no próprio pai (Dorff) uma figura paternal, devido ao fato de sua mãe lhe dar pouca atenção. Sai o hotel no Japão, entram hotéis nos Estados Unidos e na Itália. E se, à primeira vista, as semelhanças entre os longas da diretora Sofia Coppola são grandes, Um Lugar Qualquer se revela infinitamente mais raso que seu antecessor, passando longe da complexidade emocional daquela bela história de quase-amor.

Com a carreira tão em baixa quanto a de seu personagem, Stephen Dorff dá vida a Johnny Marco, ator de filmes de ação cuja vida resume-se a farrear, dormir e assistir a shows de strippers em seu próprio quarto de hotel. Sua "rotina" é interrompida quando a filha Cleo é enviada pela mãe para passar alguns dias junto a ele. É clara a intenção da cineasta em mostrar o quão vazia é a vida de seu protagonista, e isso fica evidente já na reveladora sequência inicial, onde Johnny anda em círculos com sua Ferrari - no melhor estilo "eu tenho o poder, mas não sei usá-lo". Essa angústia interior passada pelo personagem - que chega ao ponto de adormecer enquanto duas gêmeas fazem acrobacias no pole dance em seu quarto - reflete bem o nível de estagnação em que vive atualmente.

Sofia é, sem a menor dúvida, uma legítima herdeira dos genes do papai Francis (que, pra quem não sabe, dirigiu só O Poderoso Chefão e Apocalypse Now). Mas sua insistência em fazer um cinema excessivamente blasé começa a dar sinais de desgaste. Não que Um Lugar Qualquer seja um longa ruim, mas nota-se que, como roteirista, ela não demonstra o mesmo vigor com que dirige. Seus longos - e belíssimos - planos gerais, sua imensa competência em captar as reais emoções dos personagens por meio de close-ups e outros enquadramentos em que a câmera é mera observadora (deixando que eles revelem-se através dela), contrastam com um roteiro que, por vezes, apresenta-se frágil, talvez por opção da própria Sofia em querer apresentar o universo de Johnny como algo efêmero, inconstante e fútil. Ainda assim, não se deve atribuir todo o tédio da narrativa ao fato de que ele é um homem entediado. Alguns momentos são bocejantes e, sim, a "culpa" é sua, Sofia.

Contando com um bom desempenho de seu elenco - especialmente a jovem Elle Fanning (irmã de Dakota), que ilumina todas as cenas em que aparece - Um Lugar Qualquer é repleto de simbolismos que remetem às frivolidades
indústria cinematográfica (a cena de Michelle Monagham é um exemplo disso). E, como alguém "de dentro", Sofia deve ter falado a verdade em seu filme. O preço da fama não é pra qualquer um.

Nota: 6,5

Somewhere, 2010. De Sofia Coppola. Com Stephen Dorff, Elle Fanning, Michelle Monagham, Chris Pontius. Drama.


terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Atração Perigosa

Ben Affleck é um caso a ser estudado. Aos 26 anos, escreveu - ao lado de seu amigo Matt Damon - o roteiro de Gênio Indomável, e, como se não bastasse, ganhou um Oscar pelo trabalho. Com raras excessões, depois disso sua carreira virou sinônimo de filmes ruins, culminando no pavoroso Contato de Risco, um dos maiores fracassos de público e crítica da história. Malhado com frequência (e quase sempre com razão) por suas limitações como ator, Affleck passou para trás das câmeras em 2007, com o bom Medo da Verdade. Bem recebido, o longa deu crédito ao agora diretor, que novamente acerta em Atração Perigosa e dá um importante passo em seu novo ofício.

Apesar do genérico título em português, existe, no enredo, algo que o justifique. Além de dirigir, Ben Affleck interpreta Doug MacRay, líder de um bando especializado em assaltar - fantasiados - bancos de Boston. Em um desses roubos, ele conhece a gerente vivida por Rebecca Hall. Já sem fantasia, eles nov
amente se conhecem - desta vez socialmente - e rapidamente engatam um romance. Mais do que um filme sobre um único e grandioso assalto, o roteiro de Atração Perigosa foca sua atenção no conturbado relacionamento de MacRay com todos que o cercam, seja a namorada (de que ele esconde, por motivos óbvios, o que faz), os colegas de profissão, o pai presidiário (o sempre excelente Chris Cooper), ou consigo mesmo, uma vez que não vê a hora de poder abandonar seu "ganha pão", mesmo sabendo o quão competente é. Aqui, cada assalto serve de estopim para gerar algum conflito relevante à trama - especialmente após a entrada em cena do oficial Adam Frawley (John Hamm, da série Mad Men), obcecado em capturar a gangue.

Não é difícil notar, na direção de Affleck, influências de cineastas como Michael Mann (especialmente Fogo Contra Fogo), Don Siegel (Implacável Perseguidor) e até mesmo William Friedkin (Operação França), onde o bandido não é tão mau e o mocinho pode agir como mau-caráter a qualquer instante. Sua habilidade para as cenas de ação também evoca os clássicos citados, onde o diretor demonstra mão firme e uma certa preferência por perseguições a moda antiga, com economia de cortes e montagem coerente e compreensível.

É curioso notar que, talvez por ser um ator mediano, Affleck dá um enorme destaque a seus elencos e - ao que tudo indica - é um ótimo diretor de atores. Em Medo da Verdade, ele arrancou atuações brilhantes de
Casey Affleck (irmão caçula e mais talentoso), Morgan Freeman e Amy Ryan, que chegou a ser indicada ao Oscar. Agora, é a vez de Rebecca Hall, Blake Lively e Jeremy Renner destacarem-se. Ele, aliás, rouba as cenas em que aparece como o esquentado melhor amigo do protagonista. Repare, ainda, na forte composição de Pete Postlethwaite - falecido no início do mês - como o florista que encomenda os serviços de MacRay. No fim das contas, até Ben Affleck entrega uma performance digna do belo trabalho que ele mesmo realizou. Parece que o Ben Affleck diretor conhece os limites do Ben Affleck ator. Ele é, de fato, um caso a ser estudado.

Nota: 8

The Town, 2010. De Ben Affleck. Com Ben Affleck, Jeremy Renner, Rebecca Hall, Blake Lively, Pete Postlethwaite, John Hamm, Chris Cooper. Ação.



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

11 filmes para ver em 2011

2010 foi um ano muito bom para o cinema. Foi o ano do inesperado, com A Origem, de Christopher Nolan, embasbacando meio mundo com seus efeitos incríveis e uma intrincada história sobre sonhos e sonhos dentro de outros sonhos; foi ano do facebook, graças ao perfeccionismo de David Fincher e seu A Rede Social, que levou as telas a criação da rede social mais popular do planeta; foi também o ano da despedida (será?) dos brinquedos liderados por Woody e Buzz no emocionante Toy Story 3, onde a Pixar provou, novamente, que, no ramo da animação, não tem pra ninguém.

Além dos três filmes citados (os melhores do ano passado), vimos Martin Scorsese de volta ao suspense no tenso Ilha do Medo, quarta parceria do cineasta com Leonardo Di Caprio; o surgimento de um heroi (e uma heroina) improvável em Kick Ass - Quebrando Tudo, divertida e violenta adaptação da HQ de Mark Millar; o início do fim da saga do bruxo mais famoso do cinema com Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1... além de vários outros títulos.

E 2011? Como será? À primeira vista, a impressão é que o ano que se inicia tem potencial para, no mínimo, ficar no patamar de 2010. Quem será a surpresa? A decepção? Quais expectativas irão se confirmar? Entre inúmeros filmes com lançamento previsto até dezembro, aqui vão 11 apostas que, desde já, estão entre os mais aguardados. Todos os longas tem estreia marcada para este ano, logo, não foram incluídos filmes como Cisne Negro, Bravura Indômita, O Discurso do Rei, entre outros, que já estrearam no exterior. Mas que eles são mais do que esperados, ah são.

A Árvore da Vida

The Tree Of Life - De Terrence Malick. Com Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain. Drama.

Sem filmar desde O Novo Mundo, de 2005, Terrence Malick começou a esboçar A Árvore da Vida - pasme - na década de 1970. Some-se a isso os dois anos e meio entre filmagens e montagem e não há como negar a expectativa em torno deste drama, ambientado nos anos 50, sobre uma família texana marcada por uma recente tragédia. O protagonista, Jack, é vivido por Sean Penn na fase adulta (já nos dias atuais). Quando jovem, seu pai é interpretado por Brad Pitt.
O que esperar? Nada de muito esclarecedor foi revelado até agora sobre o enredo, mas o trailer - repleto de imagens belíssimas - dá a entender que muitas lágrimas virão por aí. Malick, apesar da filmografia pequena, é um diretor que sabe, como poucos, levar as telas personagens fascinantes e de personalidades fortes. Cheiro de premiações no ano que vem... Estreia: 01/07

Cowboys & Aliens

Cowboys & Aliens - De Jon Favreau. Com Daniel Craig, Harrison Ford, Olivia Wilde, Paul Dano, Sam Rockwell, Noah Ringer. Aventura.

A ideia é tão óbvia que dá até para pensar: "Putz, como é que não fizeram isso antes?!". Pois Jon Favreau deve ter pensado isso. A adaptação da HQ de Fred Van Lente e Ian Richardson mostrará, pela primeira vez (até onde vai minha memória), uma invasão alienígena no velho oeste. Em função disso, cowboys e índios deixam as diferenças de lado e unem-se para enfrentar os visitantes indesejados. Daniel Craig é Jake Lonergan, um forasteiro que, num belo dia, desperta no meio do nada com um estranho objeto preso a seu pulso. Ninguém menos que Harrison Ford interpreta o coronel que pretende descobrir os segredos de Lonergan.
O que esperar?
Não há como negar que o trailer e as primeiras imagens empolgaram. E o fato de os roteiristas terem tornado a história mais sombria só faz com que as expectativas aumentem. Além disso, Favreau já mostrou que manja de ação (Homem de Ferro), e nada melhor do que ter no elenco o atual James Bond e o eterno Indiana Jones.
Estreia: 12/08

Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 2

Harry Potter and the Deathly Hallows: Part II - De David Yates. Com Daniel Radcliffe, Rupert Grint, Emma Watson, Ralph Fiennes, Alan Rickman, Helena Bonhan Carter, Tom Felton. Aventura.

A Warner não admite, mas dividir o último livro da série em dois filmes não teve por objetivo apenas a chance de realizar uma adaptação mais fiel. É claro que a oportunidade de faturar em dobro pesou. Ainda assim, não há como negar que Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte 1 apresentou uma quantidade impressionante de detalhes, algo inédito na saga do bruxo, resultado da divisão da obra de J. K. Rowling. Na tão aguardada metade final, veremos o embate derradeiro entre Harry e Voldemort, além da batalha que culminará na morte de personagens importantes. O diretor David Yates continua no posto que lhe foi concedido no ótimo A Ordem da Fênix.
O que esperar? Se manter o nível da primeira parte, ótimo! E, convenhamos, mesmo com tantos filmes, a série consguiu manter um alto nível de qualidade. Não seria justamente no último que a coisa desandaria.
Estreia: 15/07

Carros 2

Cars 2 - De John Lasseter e Brad Lewis. Com as vozes de Owen Wilson, Michael Caine, Michael Keaton, Emily Mortimer, Jason Isaacs. Animação.

Apesar de não estar no mesmo nível de outras obras da Pixar, como
Ratatouille, Wall-E e a trilogia Toy Story, há de se admitir que Carros, de 2006, é um filme bastante simpático. Nesta sequência, Relâmpago McQueen e seu amigo, o reboque Mate, viajam por Europa e Ásia para a Corrida dos Campeões. No meio do caminho, porém, Mate envolve-se em uma trama de espionagem - com direito a Aston Martin à la 007 dublado por Michael Caine.
O que esperar?
Levando em consideração que a Pixar não sabe fazer filmes ruins, as expectativas não poderiam ser melhores. Entretanto, tudo indica que - ao contrário dos últimos longas da produtora - Carros 2 não deverá ter um apelo emocional tão grande. Mas a imaginação sempre fértil de John Lasseter (que dirige, junto com Brad Lewis) deve ter pensado em algum diferencial.
Estreia: 24/06

Se Beber, Não Case! 2

The Hangover - Part II - De Todd Phillips. Com Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Liam Neeson, Juliette Lewis, Mike Tyson. Comédia.

Era mais do que certo que a melhor comédia de 2009 ganharia uma continuação. Desta vez, os quatro amigos formados por Bradley Cooper, Ed Helms, Justin Bartha e o impagável Zach Galifianakis vão a Tailândia para o casamento de Stu (Helms). Não precisa ser adivinho para saber o que vai acontecer ao quarteto, que já provou não ter talento para organizar despedidas de solteiro realmente interessantes. Além do elenco principal, alguns coadjuvantes estão de volta (inclusive Mike Tyson) e Liam Neeson surge como a novidade.
O que esperar? O diretor Todd Phillips já mostrou ter mão para comédia e o elenco principal - agora mais entrosado - tem tudo para dar show. Não espere nada de muito construtivo, mas sim uma enxurrada de situações constrangedoras e hilárias.
Estreia: 27/05

Super 8

Super 8 - De J. J. Abrams. Com Kyle Chandler, Elle Fanning, Ron Eldard, Noah Emmerich. Suspense.

Em um de seus primeiros (e melhores) filmes,
Contatos Imediatos do Terceiro Grau, Steven Spielberg deu uma nova roupagem aos filmes de invasão alienígena, ao mostrá-los como seres pacíficos e nada ameaçadores. Em Super 8, J. J. Abrams (Star Trek) pretende homenagear este e outros clássicos de Spielberg, como E.T. - O Extraterrestre. Pouco sabe-se sobre a trama. O que se tem, até agora, é que ela se passa no final da década de 1970, e acompanha um grupo de garotos que, com uma câmera Super-8, registra algo inacreditável em um acidente ferroviário.
O que esperar?
Há algum tempo, circulou pela internet a imagem do que seria um E.T. de Super 8. O visual do ser é de dar medo, bem diferente dos simpáticos homenzinhos de marte de Spielberg, que, diga-se de passagem, produz o longa. Apesar do irritante sigilo a respeito da trama e de detalhes maiores, os nomes dos envolvidos justificam a espera.
Estreia
: 09/09

On The Road


On The Road - De Walter Salles. Com Sam Riley, Garrett Hedlund, Kristen Stewart, Amy Adams, Viggo Mortensen, Steve Buscemi, Kirsten Dunst, Terrence Howard, Alice Braga. Drama.

Demorou, mas finalmente a obra-prima da literatura beat de Jack Kerouac ganhará vida na tela grande. Baseado em viagens do autor pela América do Norte nos anos 50, em busca de autoconhecimento e novas experiências, o livro influenciou jovens não só da época em que fora lançado, mas de todas as décadas posteriores. O brasileiro Walter Salles, especialista em filmes "pé na estrada" (vide os excelentes Central do Brasil e Diários de Motocicleta), dirige um elenco com várias estrelas do cinema americano, como Viggo Mortensen, Kristen Stewart e Steve Buscemi.
O que esperar?
Na pior das hipóteses, um ótimo filme. Durante anos, Francis Ford Coppola esteve ligado ao projeto, mas, com o passar dos anos, decidiu assumir a produção e passar o bastão a um diretor mais jovem. E, sejamos sinceros, o velhor Coppola certamente sabe o que faz e sua escolha por Salles tem tudo para ser justificada.
Estreia: até agora, sem previsão

O Ritual

The Rite - De Mikael Håfström. Com Anthony Hopkins, Alice Braga, Toby Jones, Ciaran Hinds. Suspense.

Histórias de exorcismo volta e meia aparecem em Hollywood. Seja por meio de tramas visualmente explícitas como em O Exorcista, que pende para o terror, ou de abordagem psicológica (O Exorcismo de Emily Rose). As imagens e vídeos de O Ritual sugerem que o diretor Mikael Håfström buscou um equilíbrio entre os dois estilos, alternando sequências mais sugestivas com momentos de puro horror. Manso desde sua última aparição como Hannibal Lecter em Dragão Vermelho, de 2002, Anthony Hopkins voltará a dar vida a um tipo assustador, coisa que faz como poucos.
O que esperar?
O Ritual é baseado no livro homônimo que relata as experiências do jornalista Matt Baglio entre exorcistas em Roma. O material de divulgação, até agora, não decepciona. Pelo contrário. Ver o grande Anthony Hopkins como um padre que deve introduzir um padre novato ao universo do exorcismo só dá vontade de ver logo esse filme. Ah! E ainda tem a brasileira Alice Braga no elenco!
Estreia
: 11/02

Capitão América: O Primeiro Vingador

Captain America: The First Avenger - De Joe Johnston. Com Chris Evans, Hugo Weaving, Tommy Lee Jones, Stanley Tucci, Dominic Cooper. Ação.


Em 1990, Capitão América ganhou uma versão cinematográfica tão, tão, mas tão ruim, que dizer que aquilo era um filme já é um senhor elogio. Agora, 21 anos depois, o Primeiro Vingador terá a chance de, nos cinemas, mostrar a que veio. Chris Evans defende o personagem-título, e poderá apagar da memória dos fãs de quadrinhos sua participação como Tocha-Humana nos fraquíssimos filmes de O Quarteto Fantástico. Joe Johnston (Jurassic Park 3) dirige o longa, que contará as origens de um dos mais famosos personagens da Marvel.
O que esperar? Dos filmes de super-herois que estreiam em 2011, Capitão América: O Primeiro Vingador aparenta ser o que tem maior potencial. O uniforme do heroi, já revelado em algumas fotos, tem características de uma farda militar e ficou bem interessante.
Estreia: 29/07

Os Agentes do Destino

The Adjustment Bureau - De George Nolfi. Com Matt Damon, Emily Blunt, Michael Ke
lly, Daniel Dae Kim, Terence Stamp. Romance/Suspense.

Outra adaptação de um conto de Philip K. Dick, autor por trás de grandes filmes como Blade Runner: O Caçador de Andróides e O Vingador do Futuro. Apesar do bizarro título nacional, a sinopse sugere uma trama bastante movimentada e empolgante. Matt Damon é um político prestes a ingessar no Senado norte-americano, quando conhece uma bailarina vivida por Emily Blunt. No entanto, estranhas circunstâncias parecem atrapalhar o relacionamento, e cabe a ele descobrir o porquê. O roteirista de O Ultimato Bourne, George Nolfi, estreia na direção.
O que esperar?
Muita correria, suspense e conspirações. O personagem de Damon parece ter sido escrito para ele, e Nolfi, apesar de novato na função, escreveu o melhor capítulo da trilogia Bourne e mostrou que entende tramas de espionagem. E nada como a grife de um nome como o de Dick, considerado um autor visionário.
Estreia
: 15/04

La Piel Que Habito

La Piel Que Habito - De Pedro Almodóvar. Com Antonio Banderas, Elena Anaya, Marisa Paredes. Suspense.


Em recente entrevista, o espanhol Pedro Almodóvar disse que La Piel Que Habito é seu filme mais brutal. Diferente da maioria de sua filmografia, que aborda de várias maneiras o universo feminino, este novo longa é praticamente um filme de terror. Antonio Banderas é um cirurgião plástico que decide vingar-se do homem que estuprou sua filha. Será a quinta vez que Banderas estrela um longa assinado pelo cineasta.
O que esperar?
Almodóvar comentou que o filme não seguirá regras específicas dos filmes de terror e promete chocar ao invés de assutar. Se for tão macabro quanto o diretor dá a entender, não há dúvida de que será uma de suas melhores realizações. A primeira imagem oficial ilustra bem o que ele quis dizer.
Estreia
: até agora, sem previsão

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Scott Pilgrim Contra o Mundo

Não sou nerd. Tá, talvez um pouco. Mas meu "nerdismo" restringe-se ao cinema e, ainda assim, não vai muito além de Star Wars, Indiana Jones, Batman e, quando muito, Homem-Aranha. Não leio HQ's, não assisto a The Big Bang Theory e videogame pra mim só jogos de corrida ou futebol. Nada disso, porém, me impediu de adorar Scott Pilgrim Contra o Mundo, um filme com visual de videogame, baseado em uma graphic novel e protagonizado por um nerd de carteirinha.

Diretor dos excelentes (e pouco conhecidos) Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso, o inglês Edgar Wright, mais uma vez, acerta a mão e – assim como nos longas citados – conta com um elenco afinadíssimo. Apesar de repetir o tipo que já vem habituando-se a fazer, Michael Cera encarna o protagonista – Scott Pilgrim – com vigor e absoluta espontaneidade, fazendo com que, mesmo inserido em uma trama que, por vezes, beira o surreal (e isso não é demérito), seu personagem seja facilmente identificável no mundo real.

A base que sustenta o roteiro escrito pelo próprio Wright e por Michael Bacall, a partir da história de Brian Lee O'Malley, é, em suma, bastante simples. Após apaixonar-se à primeira vista pela "forasteira" Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), Scott precisa - além de terminar com sua namorada - derrotar os sete ex-namorados de sua pretendida para que possam, enfim, ficar juntos. No entanto, o desenrolar do filme mostra-se bem mais interessante que a premissa ao conseguir equilibrar as empolgantes sequências de luta com os problemas de relacionamentos entre os jovens ali retratados.

Mas é nos aspectos técnicos que Scott Pilgrim Contra o Mundo revela-se u
ma experiência fascinante. Repleto de cortes rápidos e elipses muito bem boladas, o filme tem, na montagem de Paul Machliss e Jonathan Amos, sua característica visual mais marcante. Igualmente bem executada é a inserção de inúmeras onomatopéias (no melhor estilo 'Soc!', 'Pow!', 'Bang!') que deixam o longa mais familiar ao seu universo de origem, o dos quadrinhos, e misturam-se aos constantes efeitos visuais que remetem a jogos de videogame - o que não deixa de ser apropriado, visto que a saga de Scott é praticamente um jogo em tempo real, onde cada ex-namorado superado significa um nível acima.

No fim das contas, apesar do visual - quase - psicodélico e do ritmo acelerado, Scott Pilgrim Contra o Mundo nada mais é do que uma abordagem sensível sobre os dramas de uma geração capaz de zerar qualquer jogo, mas que sofre para derrotar os "chefões" da vida real. Apaixonados e nerds agradecem.

Nota: 8

Scott Pilgrim Vs. The World, 2010. De Edgar Wright. Com Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Anna Kendrick, Jason Schwartzman, Brandon Routh. Aventura/Comédia.


Curtas - Os Mercenários

O que esperar de um filme de ação cujo momento mais memorável é protagonizado por três senhores de meia idade em uma igreja? Sim, por mais que seja repleto de explosões, mortes violentas, sangue jorrando e testosterona à flor da pele, a única cena realmente empolgante em Os Mercenários, é o encontro – bastante pacífico – entre a nata da ação hollywoodiana dos anos 80: Sylvester Stallone – o Rambo –, Bruce Willis – o Duro de Matar – e Arnold Schwarzenegger – o Exterminador.

Escrita e dirigida por Stallone, esta homenagem aos filmes massa-bruta oitentistas conta, ainda, com nomes como Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren e o não menos durão Mickey Rourke. Reunir uma turma dessas era algo que os fãs do gênero aguardavam há anos. O resultado, porém, decepciona. Com um enredo sem sentido e – o maior pecado – sequências de ação pouquíssimo interessantes – o longa ainda se permite perder tempo com uma subtrama envolvendo o personagem de Statham, que, além de não acrescentar nada a história, tenta incutir ao filme uma carga dramática que nunca surge convincente.


O “roteiro” gira em torno de um grupo de mercenários liderado por Stallone (recauchutado que só ele), cuja missão é derrubar o ditador de um país latino-americano fictício. Some a essa brilhante premissa uma frenética montagem das cenas de ação que beira o incompreensível (algo que distoa dos filmes da época supostamente relembrada na produção) , mais alívios cômicos que em nenhum instante fazem rir (a presença de Jet Li, além de desperdiçada, é constrangedora). É uma pena. Os Mercenários é o tipo de filme que foi concebido como clássico, mas complicações durante o parto fizeram dele uma obra mal-nascida. Quem sabe na continuação, prometida para breve e com mais um nome de "peso" no elenco: Jean Claude Van Damme. Opa! Pelo jeito, agora vai!

Nota: 4

The Expendables, 2010. De Sylvester Stallone. Com Sylvester Stallone, Jason Statham, Jet Li, Dolph Lundgren, Mickey Rourke, Bruce Willis, Arnold Schwarzenegger. Ação.


domingo, 9 de janeiro de 2011

Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família

Robert De Niro. Dustin Hoffman. Barbra Streisand. Harvey Keitel. Belo elenco, não? Em qualquer ocasião, seria um prazer ver nomes como esses reunidos em alguma grande produção hollywoodiana. Coube a Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família reunir este time, além de Ben Stiller, Jessica Alba e Owen Wilson, e provar que, por melhores que sejam os envolvidos, nem sempre isso se reflete no resultado final.

No terceiro capítulo da série iniciada em 2000, com Entrando Numa Fria, Jack Byrnes (De Niro), após sofrer um pequeno infarto e ver a separação de sua filha caçula, dá - finalmente - um voto de confiança a seu genro Greg Focker (ou Fornika, na versão nacional). Temendo por sua saúde e, consequentemente, por seu clã, Jack designa a Greg o cargo de novo chefe dos Byrnes/Focker. Surge o "The Godfocker" (e Marlon Brando se vira no túmulo).

Assim como nos filmes anteriores, a trama é centrada no conturbado relacionamento entre genro e sogro. Desconfiado que Greg já não sente mais atração sexual por sua filha após encontrar fotos suas com uma tal Andi Garcia (Alba) e remédios para disfunção erétil, o turrão Jack volta a realizar marcação cerrada no pai de seus netos, e, mais uma vez, a confiança se esvai. O diretor Paul Weitz (Um Grande Garoto) exagera nas sequências de "nunca está tão ruim que não possa piorar", o que resulta em situações caricatas que abusam dos clichês do gênero (sim, rola até um inesperado flagra amoroso entre dois personagens).

As piadas (ah, as piadas!), funcionam, em sua maioria, muito mais graças ao talento dos protagonistas do que do roteiro em si. Gags sobre vômito e pênis já estão mais do que desgastadas, mas, sim, é possível rir delas. Apesar da boa dinâmica entre Stiller e De Niro ter se mantido, é uma pena notar que algo mais poderia ter sido feito com o restante do elenco. Chega a ser um desperdício ter Barbra Streisand, Harvey Keitel e Laura Dern em papéis tão insignificantes.

E não estranhe se Dustin Hoffman surge somente em fragmentos desconexos do roteiro - e que, em função disso, nada acrescentam a história. O veterano ator só aceitou participar do filme após o término das gravações, o que exigiu refilmagens de todas as cenas em que ele aparece com os demais protagonistas.

Não há nada de novo em Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família. Pelo contrário. Está tudo lá. Requentado. Algumas coisas funcionam. Outras não. E aquela sensação de que um "Entrando Numa Fria Muito Maior que Todas as Outras" está por vir... Hollywood não perde tempo.

Nota: 5,5

Little Fockers, 2011. De Paul Weitz. Com Robert De Niro, Ben Stiller, Barbra Streisand, Owen Wilson, Jessica Alba, Dustin Hoffman. Comédia.