quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Scott Pilgrim Contra o Mundo

Não sou nerd. Tá, talvez um pouco. Mas meu "nerdismo" restringe-se ao cinema e, ainda assim, não vai muito além de Star Wars, Indiana Jones, Batman e, quando muito, Homem-Aranha. Não leio HQ's, não assisto a The Big Bang Theory e videogame pra mim só jogos de corrida ou futebol. Nada disso, porém, me impediu de adorar Scott Pilgrim Contra o Mundo, um filme com visual de videogame, baseado em uma graphic novel e protagonizado por um nerd de carteirinha.

Diretor dos excelentes (e pouco conhecidos) Todo Mundo Quase Morto e Chumbo Grosso, o inglês Edgar Wright, mais uma vez, acerta a mão e – assim como nos longas citados – conta com um elenco afinadíssimo. Apesar de repetir o tipo que já vem habituando-se a fazer, Michael Cera encarna o protagonista – Scott Pilgrim – com vigor e absoluta espontaneidade, fazendo com que, mesmo inserido em uma trama que, por vezes, beira o surreal (e isso não é demérito), seu personagem seja facilmente identificável no mundo real.

A base que sustenta o roteiro escrito pelo próprio Wright e por Michael Bacall, a partir da história de Brian Lee O'Malley, é, em suma, bastante simples. Após apaixonar-se à primeira vista pela "forasteira" Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead), Scott precisa - além de terminar com sua namorada - derrotar os sete ex-namorados de sua pretendida para que possam, enfim, ficar juntos. No entanto, o desenrolar do filme mostra-se bem mais interessante que a premissa ao conseguir equilibrar as empolgantes sequências de luta com os problemas de relacionamentos entre os jovens ali retratados.

Mas é nos aspectos técnicos que Scott Pilgrim Contra o Mundo revela-se u
ma experiência fascinante. Repleto de cortes rápidos e elipses muito bem boladas, o filme tem, na montagem de Paul Machliss e Jonathan Amos, sua característica visual mais marcante. Igualmente bem executada é a inserção de inúmeras onomatopéias (no melhor estilo 'Soc!', 'Pow!', 'Bang!') que deixam o longa mais familiar ao seu universo de origem, o dos quadrinhos, e misturam-se aos constantes efeitos visuais que remetem a jogos de videogame - o que não deixa de ser apropriado, visto que a saga de Scott é praticamente um jogo em tempo real, onde cada ex-namorado superado significa um nível acima.

No fim das contas, apesar do visual - quase - psicodélico e do ritmo acelerado, Scott Pilgrim Contra o Mundo nada mais é do que uma abordagem sensível sobre os dramas de uma geração capaz de zerar qualquer jogo, mas que sofre para derrotar os "chefões" da vida real. Apaixonados e nerds agradecem.

Nota: 8

Scott Pilgrim Vs. The World, 2010. De Edgar Wright. Com Michael Cera, Mary Elizabeth Winstead, Anna Kendrick, Jason Schwartzman, Brandon Routh. Aventura/Comédia.


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